O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu, nesta terça-feira (2), que cortes nobres de carne podem ser submetidos a um pequeno imposto, enquanto as carnes mais populares deveriam ser isentas de tributação. "Acredito que devemos fazer uma distinção. Existe a carne de alta qualidade, consumida por quem pode pagar um pequeno imposto.
E existe a carne que o povo consome. Frango, por exemplo, não precisa ter imposto. Faz parte do cotidiano do brasileiro. Então, cortes como músculo, coxão mole e acém podem ser isentos de impostos," disse ele em uma entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. Essa proposta de Lula gerou críticas imediatas, pois muitos argumentam que é uma medida demagógica e pouco prática. A ideia de isentar determinados cortes de carne de impostos enquanto outros são taxados pode criar uma complexidade desnecessária na administração tributária e potencialmente abrir espaço para fraudes e evasões fiscais.
Além disso, a medida pode ser vista como uma tentativa de apaziguar as camadas mais pobres da população sem atacar os reais problemas estruturais que levam ao alto custo de vida no Brasil. O presidente também defendeu a inclusão de carnes na cesta básica, afirmando que tipos específicos de carne deveriam ser selecionados para compor esse benefício.
"Acho que precisamos colocar carne na cesta básica, sim. Podemos selecionar e escolher os tipos de carne," afirmou. No entanto, essa proposta também enfrenta ceticismo, pois incluir carne na cesta básica sem um plano claro de como financiar essa inclusão pode acabar pressionando ainda mais o orçamento público. Durante a mesma entrevista, Lula comentou sobre a alta do dólar, afirmando que é necessário “fazer algo a respeito”, mas não especificou o que, para não alertar seus adversários.
Essa declaração vaga levanta dúvidas sobre a seriedade e a eficácia das estratégias econômicas do governo. Sem ações concretas e transparência, a desconfiança no mercado financeiro tende a aumentar, exacerbando a volatilidade do câmbio e os problemas econômicos do país. Lula também mencionou que há um interesse especulativo contra o real e prometeu discutir a questão da valorização do dólar ao retornar a Brasília na quarta-feira. Contudo, culpar especuladores sem reconhecer os próprios erros de política econômica e instabilidade governamental pode ser visto como uma tentativa de desviar a responsabilidade dos problemas financeiros do país.
Reiterando suas críticas ao Banco Central, Lula afirmou que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado. Contudo, essa postura pode ser contraproducente, pois a independência do Banco Central é crucial para manter a credibilidade econômica e atrair investimentos. A pressão política sobre a autarquia pode minar a confiança dos investidores e agravar ainda mais os desafios econômicos do Brasil.
⏯️ Lula defende imposto em “carne chique”, mas isenção para frango e ovo
— Metrópoles (@Metropoles) July 2, 2024
A mudança na taxação, segundo Lula, poderia ocorrer durante a regulamentação da reforma tributária no Congresso Nacional
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