Empresário diz que ‘não contrata esquerdista’ e agora enfrenta a fúria do Ministério Público do Trabalho
O CEO da G4 Educação, Tallis Gomes, recentemente causou polêmica ao afirmar que não contrata "esquerdistas" e que incorporou princípios da igreja na cultura da empresa. Durante uma entrevista ao podcast Café com Ferri, Gomes argumentou que os esquerdistas são "mimizentos" e que não trabalham duro, além de afirmar que a base do sucesso de sua empresa é o trabalho intenso, recomendando uma jornada de 70 a 80 horas por semana.
Essas declarações provocaram reações fortes e levaram o Ministério Público do Trabalho (MPT) a abrir três inquéritos contra a G4 Educação. O primeiro inquérito investiga se há discriminação por orientação política, religiosa ou filosófica e possíveis abusos decorrentes do poder diretivo do empregador.O segundo aborda a jornada de trabalho e o descanso semanal, analisando se as práticas da empresa estão em conformidade com a legislação trabalhista.
O terceiro inquérito apura se há desvirtuamento de pessoa jurídica, o que implica em investigar se a empresa está sendo utilizada de maneira irregular para fins que desviam de sua natureza original. Gomes defende que os resultados positivos da G4 Educação se devem à integração dos princípios da igreja na cultura corporativa e à exclusão de esquerdistas, que ele considera menos produtivos e comprometidos. No entanto, suas declarações geraram críticas por promoverem uma cultura de trabalho extenuante e por potencialmente violarem direitos trabalhistas e princípios de não discriminação.
Os inquéritos abertos pelo MPT refletem uma preocupação com práticas que podem infringir a legislação trabalhista e os direitos fundamentais dos trabalhadores. A investigação sobre discriminação por orientação política e religiosa é particularmente relevante, pois indica um possível desrespeito ao princípio da igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho.
As questões relacionadas à jornada de trabalho e ao descanso semanal também são cruciais, pois a imposição de uma carga horária tão intensa pode comprometer a saúde e o bem-estar dos funcionários, além de possivelmente violar leis trabalhistas que regulamentam a duração do trabalho e os períodos de descanso.
Por fim, o terceiro inquérito sobre desvirtuamento de pessoa jurídica busca assegurar que a empresa esteja operando dentro dos limites legais e cumprindo sua função original, sem desvios que possam prejudicar trabalhadores ou o mercado.
Essa situação levanta um debate importante sobre a ética empresarial, a responsabilidade dos empregadores e a necessidade de respeitar os direitos dos trabalhadores, independentemente de suas orientações políticas ou crenças pessoais.