Milei detona Lula “Qual o problema em chamá-lo de corrupto"?

O presidente argentino Javier Milei causou polêmica ao se recusar a pedir desculpas ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva por tê-lo chamado de "corrupto" e "comunista" durante a campanha eleitoral. Em uma entrevista ao canal La Nación +, Milei desafiou as críticas, questionando a necessidade de pedir desculpas por suas afirmações, que considera verdadeiras.

Milei argumentou: "Qual é o problema de chamá-lo de corrupto? Ele não foi preso por isso? E chamá-lo de comunista? Ele não é comunista? Desde quando é necessário pedir desculpas por dizer a verdade?" Afirmando que suas declarações são baseadas em fatos, ele rejeitou a ideia de que correção política deve restringir a liberdade de expressão, especialmente quando se trata de críticas à esquerda. O presidente argentino também criticou a exigência de desculpas como uma "discussão pequena" e disse que questões mais importantes deveriam ser priorizadas, como os interesses dos argentinos e dos brasileiros. Segundo ele, "É preciso se colocar acima dessas insignificâncias porque são mais importantes os interesses dos argentinos e dos brasileiros do que o ego inflado de algum esquerdinha".

A resposta de Milei vem após Lula ter afirmado, em entrevista ao UOL, que esperava desculpas do presidente argentino devido às ofensas feitas durante a campanha. Lula mencionou que não conversou com Milei até agora porque este "falou muita bobagem". Em sua defesa, Milei comparou suas críticas a Lula com os embates que teve com outros líderes, como o presidente colombiano Gustavo Petro e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez. Quando o jornalista sugeriu que as motivações das críticas não eram as mesmas, citando insinuações de uso de drogas durante a campanha, Milei rebateu, dizendo que Lula também se envolveu negativamente na campanha eleitoral argentina, apoiando o ex-candidato Sergio Massa. "Você acha que a campanha negativa que o [ex-candidato Sergio] Massa fez contra mim, impulsionada pelo Brasil, não foi agressiva?" Ele questionou se Lula pediria desculpas pelas supostas mentiras ditas durante a campanha.

Esta é a primeira vez que Milei responde diretamente ao pedido de desculpas de Lula. Anteriormente, o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, havia defendido que Milei não tinha motivos para se arrepender. A relação entre os dois presidentes tem sido marcada por tensões desde a posse de Milei, quando Lula enviou seu ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representá-lo, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro foi um convidado de destaque na cerimônia.

Milei também mencionou uma tentativa de melhorar as relações bilaterais, através de uma carta informal enviada por meio da chanceler Diana Mondino, propondo um encontro com Lula. Segundo Milei, Lula nunca respondeu à carta, levando a Argentina a não solicitar uma reunião bilateral na próxima Cúpula do Mercosul, em julho. A única interação direta entre os dois presidentes até agora foi um breve cumprimento na cúpula do G7, na Itália. A postura firme de Milei em manter suas críticas e recusar pedidos de desculpas pode agravar ainda mais as tensões entre Argentina e Brasil. A resposta de Lula a essa situação será crucial para o futuro das relações bilaterais e para a dinâmica dentro do Mercosul, onde ambos os países desempenham papéis fundamentais.segundo a presidência argentina. Informações CNN