A líder da direita francesa, Marine Le Pen, afirmou nesta quinta-feira, 27, que espera que seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), conquiste a maioria absoluta nas eleições legislativas da França, com primeiro e segundo turnos agendados para 30 de junho e 7 de julho, respectivamente. Isso permitiria à legenda formar governo e influenciar áreas como Defesa e Forças Armadas, incluindo o apoio militar e financeiro à Ucrânia.
Segundo a Constituição francesa, o presidente Emmanuel Macron é o chefe das Forças Armadas, mas o primeiro-ministro é “responsável pela defesa nacional”, gerando uma certa ambiguidade. As pesquisas para o primeiro turno indicam que a aliança centrista de Macron ficará em terceiro lugar, com 21% dos votos, atrás da Nova Frente Popular (29%), liderada pelo esquerdista Jean-Luc Mélenchon, e do RN, com 37%. Isso sugere que o líder do RN e protegido de Le Pen, Jordan Bardella, pode se tornar primeiro-ministro, resultando em uma “coabitação” que diminuiria a autoridade de Macron e sua capacidade de moldar políticas.
A votação foi antecipada por Macron, em uma aposta arriscada que depende da histórica aversão dos eleitores à direita para, no segundo turno em 7 de julho, escolher os candidatos do governo. Independentemente do sucesso dessa estratégia, Bardella provavelmente se consolidará como a nova face da política francesa.
Embora o RN tenha uma clara vantagem, é improvável que o partido aumente de 88 para 289 assentos e obtenha a maioria absoluta na Assembleia Nacional.
As previsões indicam que a sigla e seus aliados podem garantir entre 220 e 260 cadeiras (de um total de 577). Bardella já declarou que não reivindicará o posto de primeiro-ministro sem essa maioria, preservando a legenda do desgaste de fazer parte do governo e mantendo o discurso de oposição até a eleição presidencial de 2027, na qual Marine Le Pen é a candidata certa.
Em entrevista ao jornal local Le Telegramme de Brest, Le Pen afirmou que Macron “não terá escolha” a não ser nomear Bardella, de 28 anos, como primeiro-ministro, pois “ele terá um mandato do povo francês”. Ela destacou que seu protegido, que nunca ocupou cargos públicos, pretende ser firme, mas não hostil ao presidente, cujo mandato vai até 2027.
“Jordan não tem intenção de começar uma briga com (Macron), mas suas linhas vermelhas são claras”, disse ela.
A líder de direita sugeriu que ser comandante-chefe das Forças Armadas francesas “é um título honorário para o presidente, uma vez que é o primeiro-ministro quem controla os cordões da bolsa”, acrescentando: “Na Ucrânia, o presidente não poderá enviar soldados.” Macron anteriormente não descartou essa possibilidade.
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