Na “sabatina” de Flávio Dino, Alcolumbre é combatido frente a frente por senadores e vira piada ao justificar pressa com seus próprios atos
No início da sessão da “sabatina conjunta” de candidatos ao STF e à PGR, o senador Alessandro Vieira apresentou uma questão de ordem pedindo a separação das sabatinas, apontando o absurdo da inovação criada por Alcolumbre.
Diversos senadores apoiaram a questão de ordem, lembrando que se trata de dois órgãos diferentes e que o indicado de Lula para o Supremo Tribunal Federal, o ministro Flávio Dino, já se recusou a responder a parlamentares em outras ocasiões. Após ouvir uma série de senadores, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, minimizou o questionamento, dizendo que sequer estava reconhecendo a questão de ordem e que, “democraticamente”, tinha se dignado a ouvir os representantes eleitos pelo povo.
Ele alegou que as sabatinas do Senado não vêm questionando os candidatos, mas apenas apresentando suas reflexões antes de “carimbar” as indicações do Executivo. O senador ainda alegou que queria evitar a demora, chegando ao ridículo de mencionar o atraso de quatro meses que ele próprio impôs, porque quis, à indicação do ministro André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal. Alcolumbre disse que, ao impor essa celeridade inaudita, estava atendendo aos pedidos de Bolsonaro.
Houve risadas de senadores, e um protesto do senador Alessandro, autor da questão de ordem. Alcolumbre decidiu por uma medida ainda mais inusitada, dizendo aos senadores que terão 10 minutos para perguntar e terão que dividir seu tempo entre os candidatos. As “sabatinas” realizadas pelo Senado Federal costumam ser meros procedimentos formais, em que os senadores abrem mão de seus poderes constitucionais e se limitam a “carimbar” as indicações do governo do momento.
Na sabatina de hoje, chegou-se ao extremo de inovar e criar uma “sabatina conjunta” para um indicado ao Supremo Tribunal Federal e para o indicado para a Procuradoria Geral da República, numa clara indicação de que não há qualquer intenção de promover um real questionamento dos candidatos. Sob a presidência de Rodrigo Pacheco, o Senado sofre uma intensa paralisia.
Na legislatura anterior, o próprio plenário se reuniu poucas vezes, e as comissões praticamente não funcionaram, impulsionadas pela paralisia da Comissão de Constituição e Justiça, que, sob o comando de Davi Alcolumbre, também mal se reuniu. Por ocasião da eleição da presidência para a nova legislatura, os cidadãos se manifestaram e uma petição contra a recondução de Pacheco teve mais de meio milhão de assinaturas.