O futuro do Mercosul está ameaçado pela ascensão do candidato de direita Javier Milei na Argentina, segundo o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad. Em um evento da FGV em São Paulo, ontem, Haddad disse que não sabe o que esperar do candidato argentino, que lidera as pesquisas para a presidência e é contra o bloco sul-americano.
Milei se destacou nas eleições primárias argentinas, em agosto, e tem uma proposta econômica ultraliberal, que inclui o fim do Banco Central. Ele também já se manifestou contra o Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que está suspensa.
Para evitar uma possível ruptura na região, Haddad defendeu a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que está em negociação. Ele afirmou que o acordo seria um antídoto contra medidas desestabilizadoras e que o presidente Lula está pessoalmente empenhado nessa tarefa.
Haddad reconheceu que há resistência na Europa, principalmente da França do esquerdista Macron, em relação à abertura do mercado europeu a produtos brasileiros. Mas ele acredita que há também o interesse em fechar o acordo ainda em 2023. Além da Europa, o ministro também citou a importância de uma cooperação com os Estados Unidos, especialmente na área de tecnologias verdes. Ele disse que isso seria um coroamento de uma política multilateral importante que expressa o pensamento de Lula nas relações internacionais.