Em 4 de março de 2025, a derrota de um aliado do governo Lula na eleição para a liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) marcou um revés nos planos do Planalto de se aproximar da bancada evangélica, um dos grupos mais influentes do Congresso Nacional. No dia 25 de fevereiro, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) venceu Otoni de Paula (MDB-RJ) por 117 votos a 61, em uma disputa inédita que quebrou a tradição de escolha por consenso na bancada. A vitória de Nascimento, apoiado por parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sinaliza a manutenção de uma postura mais distante do governo petista, frustrando as expectativas de uma reaproximação estratégica com esse segmento.
O governo Lula vinha tentando, desde 2023, construir pontes com os evangélicos, especialmente após desgastes iniciais no terceiro mandato. Gestos como a sanção do Dia Nacional da Música Gospel em outubro de 2024, com a presença de Otoni de Paula, e a articulação com a FPE para ampliar isenções tributárias a entidades religiosas na Reforma Tributária (PEC 45/2019) foram parte dessa estratégia. O Planalto via em Otoni, que já havia apoiado Eduardo Paes (PSD) nas eleições municipais do Rio em 2024, uma possível liderança para suavizar as tensões com a bancada. Sua derrota, porém, evidencia a resistência de uma ala majoritária alinhada ao bolsonarismo, que rejeita uma relação mais próxima com Lula.
A eleição expôs um racha interno na FPE. Otoni, pastor da Assembleia de Deus Madureira, buscou se posicionar como pragmático, defendendo diálogo com o governo sem abandonar pautas conservadoras. Já Nascimento, também da mesma igreja, foi respaldado por figuras como Silas Malafaia e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que priorizam a independência da bancada e a oposição a agendas progressistas do PT. Posts no X e análises recentes apontam que a escolha de Nascimento reflete o desejo de manter a FPE como um bloco coeso em torno de valores cristãos e conservadores, distante das tentativas de cooptação do governo.
Para o Planalto, o resultado complica os planos de ampliar apoio entre o eleitorado evangélico, que cresce em relevância eleitoral — projeções indicam que pode se tornar majoritário em breve, com 31% dos brasileiros se declarando evangélicos em 2020, segundo o Datafolha.
A aprovação de Lula entre esse grupo caiu de 26% para 21% entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, conforme pesquisa do mesmo instituto, reforçando a percepção de um divórcio difícil de reverter. A derrota de Otoni também pode dificultar articulações legislativas em pautas sensíveis, como a regulamentação da isenção de IPTU para templos, pendente desde 2022.
Apesar disso, nem tudo está perdido para o governo. A FPE, com cerca de 246 membros entre deputados e senadores, não é monolítica. Parlamentares de partidos da base, como Republicanos e PSD, ainda podem negociar pontualmente com o Planalto. Nascimento, embora próximo de Bolsonaro, se declarou aberto ao diálogo, sugerindo que a bancada não será automaticamente oposicionista em todas as questões.
Contudo, a eleição de 2025 indica que qualquer avanço dependerá de concessões significativas de Lula, algo que esbarra nas divergências históricas em temas de costumes e na desconfiança mútua agravada por episódios como as críticas do presidente a Israel, mal recebidas por evangélicos.
Em resumo, a vitória de Gilberto Nascimento na liderança da bancada evangélica representa um obstáculo aos esforços do governo Lula para se aproximar desse grupo chave, consolidando, ao menos por ora, uma relação marcada por distância e desafios políticos.
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...