O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025, que as redes sociais têm sido "instrumentalizadas pela extrema-direita" para promover discursos de ódio e ameaças à democracia. A declaração foi feita durante uma aula magna na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde ele discutiu a crise da democracia contemporânea e o papel das plataformas digitais no cenário político atual.
Moraes destacou que o ambiente online permite a rápida disseminação de narrativas que desafiam as instituições democráticas, apontando que a extrema-direita utiliza essas ferramentas para organizar movimentos e amplificar mensagens coordenadas. Ele mencionou a necessidade de um "controle mínimo" para evitar que tais plataformas sejam usadas de maneira irrestrita para fins que possam comprometer a ordem pública, mas não detalhou medidas específicas que proporia.
O ministro também contextualizou sua análise com exemplos globais, observando que o fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas ganhou intensidade no país nos últimos anos.
Ele relacionou o uso das redes por grupos extremistas a eventos como os atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas, sugerindo que a mobilização para tais ações foi facilitada por plataformas digitais.
Durante a aula, Moraes comentou brevemente sua decisão de desativar sua conta no X em 21 de fevereiro, dizendo em tom leve: “Não posso nem sair do X que me deduram”. Ele vinculou essa escolha à sua visão crítica sobre o mau uso das redes, embora tenha reforçado que a desativação foi uma decisão pessoal, já que não utilizava o perfil desde janeiro de 2024.
A fala de Moraes ocorre em um momento de alta visibilidade de suas ações no STF, como a relatoria da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado, tornada pública em 18 de fevereiro, e a ordem de suspensão da plataforma Rumble no Brasil, efetivada após o descumprimento de exigências judiciais em 21 de fevereiro. Suas declarações na USP reforçam sua posição sobre a regulação das redes sociais como parte da defesa do sistema democrático.
