Em um dos vídeos da delação premiada de Mauro Cid, divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 20 de fevereiro de 2025, o ministro Alexandre de Moraes questionou diretamente o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro sobre o momento em que o ex-presidente teria ordenado seu monitoramento. A pergunta exata foi: “Quando o ex-presidente solicitou o meu monitoramento? Vocês fizeram como?”. A audiência ocorreu em novembro de 2024, antes da denúncia formal da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, e os vídeos tiveram o sigilo levantado por Moraes após a denúncia de 18 de fevereiro de 2025.
Mauro Cid respondeu que repassou o pedido de Bolsonaro ao coronel Marcelo Câmara, responsável por executar operações de monitoramento. Ele afirmou: “Eu solicitei ao coronel Marcelo Câmara”, mas destacou que não sabia quem era o contato de Câmara para obter as informações, explicando que isso seguia a “compartimentação da informação”, um protocolo típico de operações de inteligência e das Forças Especiais. Cid mencionou apenas ter conhecimento de “um elemento do TSE” como possível fonte, sem detalhar.
Moraes insistiu, perguntando por que Bolsonaro queria monitorá-lo, ao que Cid respondeu que o pedido estava ligado à suspeita de um encontro entre o ministro e o então vice-presidente Hamilton Mourão, entre 15 e 30 de dezembro de 2022. Cid explicou: “O presidente recebia muita informação não confirmada, muitos informes, pelo celular dele. Quando ele recebia, pelo perfil dele, já ficava nervoso, irritado, e mandava verificar.” Ele acrescentou que Bolsonaro queria confirmar se Moraes estaria em São Paulo com Mourão, mas não pôde assegurar se havia outras intenções por trás do pedido.
O ministro então questionou por que não bastava checar a agenda oficial de Mourão, que não indicava presença em São Paulo no período. Cid admitiu que a agenda provavelmente foi consultada, mas reiterou a dinâmica de Bolsonaro agir impulsivamente com base em informes, sem garantir que o objetivo fosse apenas o suposto encontro. A delação de Cid já havia revelado que o monitoramento começou em 15 de dezembro de 2022 e se estendeu até o fim do ano, a pedido direto de Bolsonaro, com informações repassadas por Câmara.
Esse diálogo reforça os detalhes da denúncia da PGR, que aponta que Bolsonaro ordenou o acompanhamento da rotina de Moraes como parte de um plano mais amplo, incluindo a chamada “Operação Copa 2022”, voltada à “neutralização” do ministro. Os dados de localização foram usados para rastrear Moraes, embora Cid tenha negado saber de planos específicos de assassinato ligados ao “Punhal Verde e Amarelo”, que contemplava a morte de Moraes, Lula e Alckmin, segundo a PGR.
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...