A crescente tensão entre o ministro Alexandre de Moraes e o governo dos Estados Unidos, agora sob a liderança de Donald Trump, colocou o Itamaraty em uma posição delicada. A pressão para que o governo brasileiro adote uma postura em defesa de Moraes está aumentando, mas qualquer movimento pode gerar ainda mais desgastes nas já fragilizadas relações entre Brasília e Washington.
O cerne do problema reside na ação movida pela Trump Media contra Moraes, que acusa o ministro de censura e abuso de poder. Embora formalmente não seja um processo do governo americano, a figura de Trump como presidente dos Estados Unidos eleva o caso a um patamar diplomático mais sensível. Nos bastidores, embaixadores brasileiros avaliam que não há obrigação legal para intervenção, mas o temor de represálias políticas cresce entre os aliados de Lula.
A Advocacia-Geral da União (AGU) já se mobiliza em defesa do ministro, e há uma pressão explícita de ministros do STF para que o chanceler Mauro Vieira tome medidas mais incisivas.
A preocupação central é que a inércia do Itamaraty reforce a percepção de fragilidade do governo Lula diante de um cenário internacional desfavorável, em especial com um presidente americano claramente contrário ao alinhamento ideológico petista.
O agravamento da crise ganhou um novo capítulo com as declarações de Elon Musk. O empresário sugeriu que Alexandre de Moraes fosse alvo de sanções financeiras e até incluído em uma lista da Casa Branca de violadores de direitos humanos. Caso isso se concretize, o ministro poderia enfrentar restrições em contas bancárias internacionais e até limitações para viajar aos Estados Unidos, intensificando a crise diplomática.
O governo Lula se encontra agora em uma encruzilhada: se intervir publicamente em defesa de Moraes, corre o risco de ampliar as tensões com Donald Trump e enfraquecer ainda mais a relação com o maior parceiro comercial do Brasil. Por outro lado, manter a neutralidade pode ser interpretado como fraqueza, além de desagradar a cúpula do STF, que tem pressionado por uma postura mais firme.
A decisão final sobre a estratégia diplomática deve ser tratada diretamente por Lula e Mauro Vieira nos próximos dias.
Entretanto, com a crescente exposição internacional das ações do ministro Moraes, o governo petista se vê cada vez mais acuado, tendo que equilibrar a defesa de seus aliados internos com a necessidade de preservar relações exteriores estratégicas.
O ex-desembargador Sebastião Coelho foi detido nesta terça-feira, 25, no Supremo Tribunal Federal (STF), em flagrante delito, sob acusação de desacato e ofensas ao tribunal. A prisão foi determinada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, que também ordenou a lavratura de boletim de ocorrência. Coelho, que é advogado de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, tentou ingressar na 1ª Turma do STF para acompanhar o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um vídeo gravado pelo próprio Coelho, é possível vê-lo na porta do colegiado, alegando que foi impedido de entrar, apesar de afirmar que havia lugares vagos disponíveis. O STF rebateu e emitiu uma nota oficial alegando que Coelho não se cadastrou previamente para participar da sessão. Advogado de Filipe Martins, o desembargador Sebastião Coelho foi barrado na entrada do plenário da Primeira Turma do STF 🚨🚨🚨🚨 pic.twitter.com/EGaPuYyjam — Claudio Dantas (...