A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, criticou duramente o que chamou de "articulação bolsonarista" pela aprovação de um projeto de lei nos Estados Unidos que pode impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em declaração feita em 26 de fevereiro de 2025, Gleisi classificou a iniciativa como um "crime de lesa-pátria", argumentando que ela representa uma afronta à soberania nacional. A proposta, intitulada "No Censors on Our Shores Act", foi aprovada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA e visa barrar ou deportar estrangeiros acusados de violar a liberdade de expressão de cidadãos americanos.
Segundo Gleisi, a manobra é liderada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, e outros apoiadores que teriam buscado apoio entre congressistas republicanos nos EUA. Ela destacou que essa articulação expõe uma subserviência a interesses estrangeiros, afirmando que "o inelegível, seus parentes e foragidos da Justiça brasileira estão desafiando, mais uma vez, as instituições brasileiras e mostrando a quem eles realmente servem: a um país estrangeiro". A crítica veio após intensa movimentação de bolsonaristas em Washington, especialmente após a posse de Donald Trump em janeiro de 2025.
O projeto de lei americano ganhou força em resposta às decisões de Moraes, como a suspensão da plataforma X no Brasil e ordens para bloqueio de contas em redes sociais, que afetaram inclusive usuários com presença nos EUA. Para Gleisi, essas ações do ministro são legítimas e visam proteger a democracia brasileira, enquanto os bolsonaristas tentam internacionalizar o confronto jurídico para escapar de punições por seus atos no país. Ela reforçou que "foi aqui no Brasil que Bolsonaro e sua quadrilha tramaram um golpe e é aqui que terão de pagar", rejeitando qualquer interferência externa.
A proposta ainda precisa passar pelo plenário da Câmara, pelo Senado americano e ser sancionada por Trump para entrar em vigor, um processo que pode levar semanas ou meses. No entanto, a aprovação no comitê já foi vista como uma vitória simbólica pelos bolsonaristas, o que intensificou as críticas de Gleisi e de outros líderes do governo Lula. A petista argumentou que a medida não apenas ataca Moraes, mas também o STF como instituição, essencial para a estabilidade democrática brasileira após os eventos golpistas de 2022 e 2023.
No governo, a reação foi de cautela, mas com firme defesa da soberania.
O Itamaraty já havia emitido nota rebatendo críticas do Departamento de Estado americano, alinhando-se à posição de que as ações de Moraes estão dentro da legalidade e do contexto brasileiro. Gleisi, por sua vez, usou o episódio para reforçar a narrativa de que os adversários de Lula buscam desesperadamente apoio externo diante de processos judiciais no Brasil, como a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro por tentativa de golpe.
A troca de acusações evidencia o aprofundamento da polarização política, agora com alcance internacional. Enquanto Gleisi e o PT veem na articulação um ataque à nação, os bolsonaristas celebram o avanço do projeto como uma forma de pressionar Moraes e o STF. O desfecho da proposta nos EUA pode influenciar as relações diplomáticas entre os dois países, mas, por ora, o embate permanece como mais um capítulo da disputa entre as forças políticas que marcaram os últimos anos no Brasil.
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...