Uma reportagem publicada pela Revista Oeste em 27 de fevereiro de 2025 revelou que trocas de e-mails entre assessores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantaram suspeitas sobre possível edição de provas relacionadas ao Inquérito 4.922, que investiga os atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Segundo o texto, o juiz auxiliar Leonardo Fernandes teria sugerido, em uma mensagem de 7 de julho de 2023, a possibilidade de editar vídeos e imagens do caso, mesmo após a denúncia já ter sido oferecida aos investigados.
Os documentos, supostamente em posse da revista, indicam que o gabinete de Moraes ainda buscava evidências em meados de 2023, apesar de já ter o material desde o início do processo. Fernandes teria escrito: “Quando concluído, peço que informem para fecharmos a possibilidade de edição e disponibilizarmos nos processos”, ao encaminhar um link para upload de arquivos. A defesa de um dos investigados, sob anonimato, alega que isso sugere manipulação de provas entre o STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Polícia Federal (PF), que compartilham as investigações.
A reportagem cita juristas como André Marsiglia, que classificou a edição de provas como ilegal e potencial crime de adulteração de documento público. Os advogados dos investigados afirmam que, se confirmada, essa conduta tornaria nulos todos os processos do 8 de janeiro, questionando a imparcialidade de Moraes, que acumula papéis de investigador e julgador. Eles planejam usar essas revelações para pedir a anulação das ações no STF.
Até o momento, não há resposta oficial do STF ou do gabinete de Moraes sobre essas alegações. Em casos anteriores, como o vazamento de mensagens em 2024, o ministro defendeu a legalidade de suas decisões, afirmando que elas foram validadas pelo plenário do STF e acompanhadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A suspeita, portanto, permanece baseada no relato da Revista Oeste e nas interpretações da defesa, sem confirmação independente ou acesso público aos e-mails mencionados.
O caso reacende debates sobre a condução dos inquéritos do 8 de janeiro, que já resultaram em dezenas de condenações. Críticos de Moraes argumentam que há excessos e violações ao devido processo legal, enquanto o STF sustenta que as ações são necessárias para proteger a democracia. Sem novas evidências ou uma investigação formal, as suspeitas sobre edição de provas seguem inconclusivas, mas intensificam a polarização em torno do Judiciário brasileiro.
