O deputado americano Darrell Issa, um dos autores do projeto de lei "No Censors on Our Shores Act" ("Sem Censores em Nosso Território"), aprovado nesta quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, pelo Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, enviou um recado indireto ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Após a votação, Issa celebrou a decisão nas redes sociais com a mensagem: "DESCULPE, ‘CENSURADORES’. VOCÊS PERDERAM HOJE", em uma clara alusão às ações de Moraes que motivaram a proposta. O projeto, que agora segue para o plenário da Câmara, visa barrar a entrada ou deportar autoridades estrangeiras acusadas de violar a liberdade de expressão de cidadãos americanos em solo dos EUA.
A iniciativa, apresentada em setembro de 2024 por Issa e pela deputada María Elvira Salazar, ambos republicanos, ganhou força após decisões de Moraes que impactaram plataformas digitais, como a suspensão temporária da rede social X no Brasil.
Os parlamentares argumentam que ordens judiciais brasileiras, como as emitidas por Moraes, afetam empresas americanas e cidadãos com dupla nacionalidade, configurando uma afronta à Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão. O texto não cita Moraes diretamente, mas o contexto e as declarações de Issa deixam claro que o ministro é o principal alvo.
Após a aprovação no comitê, Issa reforçou sua posição, afirmando que o projeto busca "impedir que autoridades estrangeiras censurem americanos" e prometendo "bloquear sua entrada neste país - ou mandá-los embora se estiverem aqui".
A proposta reflete a influência de aliados de Donald Trump, que atualmente controla a Presidência e a maioria na Câmara, além de contar com o apoio de figuras como Elon Musk, dono do X e conselheiro de Trump. A ofensiva é vista como parte de uma estratégia política mais ampla para pressionar o STF e o governo brasileiro.
No entanto, o caminho para que o projeto se torne lei ainda é longo. Após o plenário da Câmara, ele precisará ser aprovado pelo Senado, onde os republicanos também têm maioria desde as eleições de 2024, e sancionado por Trump. Especialistas apontam que, mesmo se implementada, a medida enfrentaria desafios práticos e diplomáticos, já que o Brasil poderia rejeitar sua aplicação contra Moraes, um alto funcionário público, alegando soberania nacional.
Além disso, a Justiça americana negou recentemente uma liminar contra Moraes em outro caso, indicando limites à jurisdição sobre o ministro.
A controvérsia reacende tensões entre Brasil e EUA, especialmente após a posse de Trump em janeiro de 2025. O Departamento de Estado americano já havia criticado decisões do STF, afirmando que "bloquear acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA é incompatível com valores democráticos". Enquanto isso, Moraes, que já ironizou a possibilidade de ser barrado nos EUA dizendo preferir turismo na Europa, não se pronunciou oficialmente sobre o recado de Issa ou o avanço do projeto.
O caso ilustra o choque entre diferentes interpretações de liberdade de expressão e soberania. Nos EUA, a Primeira Emenda é vista como absoluta, enquanto no Brasil, ela é balanceada com outros direitos, como a proteção contra desinformação e ataques à democracia. O recado de Issa a Moraes, portanto, não é apenas uma provocação pessoal, mas também um símbolo de uma disputa jurídica e política que pode impactar as relações bilaterais nos próximos anos.
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...