Texto publicado pelo professor, escritor, historiador, filósofo e doutorando em Ciência Política, Rafael Nogueira, no Instagram.
Vale a pena a leitura:
“Um dos traços mais evidentes da degradação cultural brasileira é a relação cada vez mais frouxa entre poder e conhecimento. Às vezes nos iludimos achando que se sobe na hierarquia pelo mérito, pelo estudo, pela experiência.
Na verdade, chega-se por arranjos políticos, conexões certas e, acima de tudo, a habilidade de parecer sábio sem sê-lo. A consequência? Ministros, juízes, governantes e acadêmicos que, investidos de autoridade, espalham bobagens com solenidade, certos de que ninguém ousará lhes corrigir.
O Brasil deixou de ser colônia em 1815, sete anos antes do que a fala do ministro sugere. Em 16 de dezembro de 1815, D. João, ainda príncipe regente, fez do Brasil um Reino Unido a Portugal e Algarves. Nascia, ali, a monarquia brasileira.
D. João só se tornaria rei em 1816, com a morte da mãe, D. Maria I, mas já governava desde que desembarcou no Rio de Janeiro, driblando Napoleão. Em 1820, revolucionários do Porto tentaram revogar essa paridade política e rebaixar o Brasil — a porção mais próspera do Império, maior em economia, população e território.
Os revolucionários exigiram que D. João voltasse e que o Brasil retornasse ao status colonial. O rei aceitou a primeira parte e, segundo um anedotário sustentado por cartas, instruiu D. Pedro, deixado como regente, a recusar a segunda.
Em 1822, proclamou a independência não para romper com Portugal — o que foi um acidente de percurso, não o objetivo maior — mas para preservar o status de reino já conquistado.
Dizer que o Brasil “deixou de ser colônia em 1822” pode parecer coisa pouca, mas é grave, sim. Se um estudante errasse, paciência. Mas um ministro do Supremo, avaliado como "nota 10 em erudição" por uma banca da USP? O erro, nesse caso, não é um lapso. É um sintoma. Sintoma da mediocridade acadêmica, onde prestígio substitui conhecimento e a retórica vale mais que a verdade.
A história não é detalhe dispensável. Quem a ignora é, no mínimo, um cidadão tomado pela amnésia — e sem memória, dissolve-se a identidade, tanto do indivíduo quanto da nação. No máximo, torna-se um agente ativo da mentira, empurrando um país inteiro para a confusão e o esquecimento.” Jornal da cidade
A defesa do tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o julgamento do militar ocorra em outra instância da Justiça. Ronald é um dos acusados de integrar uma organização que teria planejado um suposto golpe de Estado no Brasil após o resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição. A defesa de Ronald Araújo sustenta que o STF não detém competência para julgar o caso, já que nenhum dos acusados possui foro por prerrogativa de função. Segundo os advogados, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República é vaga e inepta, uma vez que não descreve com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao militar – dificultando o exercício do direito de defesa. Ronald é acusado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, gol...