Marco Rubio foi confirmado como secretário de Estado dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), após uma votação no Senado que resultou em um apoio unânime, com 99 votos a favor e nenhum contra. A confirmação de Rubio ocorre poucas horas após a posse de Donald Trump, destacando a rapidez com a qual o presidente buscou consolidar seu time de governo. Com isso, Rubio se torna o primeiro membro do gabinete de Trump a receber aprovação do Senado.
O novo cargo de Rubio simboliza uma mudança significativa em sua relação com Trump. Durante as primárias republicanas de 2016, ambos protagonizaram uma rivalidade acirrada, com trocas de insultos públicos, onde Rubio o chamou de “fraudulento”, e Trump apelidou-o de “Little Marco”. No entanto, após sua derrota nas primárias, Rubio focou em fortalecer sua imagem na política externa, tornando-se um membro influente do Comitê de Inteligência do Senado e conseguindo construir pontes tanto dentro do seu partido quanto com legisladores democratas.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, já nomeou a procuradora-geral do estado, Ashley Moody, para ocupar a vaga de Rubio no Senado, até a realização de uma eleição especial em 2026.
Visão de política externa
Durante a audiência de confirmação, Rubio delineou suas prioridades para a política externa dos Estados Unidos, destacando a China como o principal desafio estratégico do século XXI. Segundo Rubio, o Partido Comunista Chinês é um adversário “potente e perigoso”, com grande capacidade de competir com os EUA em áreas como tecnologia, indústria, economia, geopolítica e ciência.
Rubio ressaltou que a competição com a China exige não apenas ações internacionais, mas também esforços internos para fortalecer a indústria dos Estados Unidos e reduzir a dependência de cadeias de suprimentos estrangeiras. “Muito do que precisamos fazer para enfrentar a China está aqui em casa”, afirmou.
Em relação à guerra na Ucrânia, Rubio expressou ceticismo sobre a capacidade das forças ucranianas de recuperar os territórios ocupados pela Rússia desde a invasão de 2022. Ele defendeu que a posição oficial dos Estados Unidos deveria ser buscar o fim do conflito, uma postura alinhada com a de Trump. Além disso, criticou a administração de Joe Biden por não estabelecer um objetivo claro para a resolução da guerra.
“O que Vladimir Putin fez é inaceitável, não há dúvida, mas essa guerra precisa acabar, e acredito que a política oficial dos Estados Unidos deve buscar esse fim”, disse Rubio.
Experiência e apoio bipartidário
Rubio, de 53 anos, tem uma sólida trajetória política, que inclui seu tempo na Câmara de Representantes da Flórida e sua eleição ao Senado em 2010. Filho de imigrantes cubanos, nasceu em Miami e se formou em Direito pela Universidade de Miami. Sua experiência em política externa, especialmente em questões relacionadas à China, Irã, Venezuela e Cuba, foi fundamental para obter o apoio de seus colegas no Senado.
Durante a audiência, o senador republicano Jim Risch, presidente do Comitê de Relações Exteriores, elogiou Rubio, chamando sua atuação de “impecável”. A senadora democrata Jeanne Shaheen também destacou que Rubio está “altamente qualificado” para o cargo, segundo reportagem da CNN.
Desafios globais pela frente
Rubio assume a liderança do Departamento de Estado em um momento de grandes tensões internacionais, com desafios urgentes como a agressão da China a Taiwan, a guerra na Ucrânia, a violência persistente no Oriente Médio e as relações tensas com aliados tradicionais dos Estados Unidos.
Trump tem defendido propostas polêmicas na política externa, como o uso da força militar para controlar o Canal do Panamá, a anexação do Canadá como o 51º estado e a possibilidade de iniciar guerras comerciais com países aliados.
Rubio também defendeu a agenda “Estados Unidos em primeiro lugar” promovida por Trump, afirmando que sua prioridade como secretário de Estado será proteger os interesses nacionais. Em relação ao Canal do Panamá, Rubio apoiou as preocupações de Trump sobre a influência chinesa na região, classificando-as como um “tema legítimo que deve ser abordado”.
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