Salles quebra o silêncio sobre fortes declarações de Bolsonaro e surpreende aliados

A relação entre Jair Bolsonaro e Ricardo Salles, marcada por uma aliança construída durante o governo do ex-presidente, deu sinais de desgaste nos últimos dias. O descontentamento de Bolsonaro com Salles tornou-se evidente principalmente devido ao apoio do deputado federal a Pablo Marçal nas eleições municipais de São Paulo, fato que Bolsonaro não deixou passar despercebido. Ao comentar sobre a postura de Salles, Bolsonaro ironizou suas alianças passadas, lembrando o envolvimento do deputado com figuras como Geraldo Alckmin e João Amoêdo, além de alfinetar seu apoio a Marçal, referindo-se a ele como um "marçalete". Salles, por sua vez, tratou de minimizar a situação, reafirmando sua gratidão e respeito a Bolsonaro. Para ele, divergências pontuais são normais e não deveriam ser interpretadas como um rompimento. Ele defendeu que sua lealdade ao ex-presidente permanece inalterada, argumentando que o foco deve ser a união da direita e o fortalecimento de pautas conservadoras, ao invés de alimentar disputas internas que possam enfraquecer o movimento.

Esse tipo de atrito é comum em períodos de eleição, quando lideranças conservadoras precisam posicionar-se em relação a novos nomes que surgem, como é o caso de Pablo Marçal. A decisão de Salles gerou críticas, mas ele parece confiante de que suas convicções e ações falam por si. Ao destacar a recente vitória de Trump, Salles sugere que a política de direita mundial está em um processo de renovação, e que o Brasil não deve perder de vista o que considera a luta principal contra os avanços progressistas. Bolsonaro, contudo, tem se mostrado cauteloso com alianças que possam enfraquecer sua base mais fiel. Para o ex-presidente, figuras como Salles, que já tiveram aproximações com adversários, podem trazer instabilidade à coesão da direita. É possível que Bolsonaro esteja buscando uma linha mais rígida e menos tolerante com apoiadores que flertem com outras lideranças ou propostas. O embate público não compromete necessariamente uma ruptura definitiva entre os dois, mas evidencia como o ex-presidente espera comprometimento incondicional daqueles que ascenderam politicamente graças ao bolsonarismo. A expectativa é que figuras como Salles, ao atuarem na Câmara e no cenário eleitoral, alinhem-se integralmente à agenda de Bolsonaro, caso queiram continuar sendo apoiados por ele e sua base. Esse episódio revela, de forma mais ampla, as complexas relações internas entre as lideranças conservadoras brasileiras, com Bolsonaro deixando claro que a lealdade à sua figura e à sua linha política é um valor central que não pretende abrir mão.