Revelado o motivo que levou ao recuo de Musk sobre a decisão de Moraes.

Elon Musk decidiu seguir as determinações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para reverter o bloqueio ao X (antigo Twitter). A decisão foi influenciada por avisos de investidores do grupo empresarial de Musk, que temiam que o não cumprimentos das ordens  do Judiciário brasileiro poderia prejudicar negócios e afastar investidores. Advogados de dois fundos de investimento, que possuem negócios com Musk, estão monitorando de perto a situação do X e da Starlink no Brasil.

Eles consideram que a situação era administrável enquanto se limitava a um confronto verbal, mas o descumprimento de decisões judiciais aumentou os riscos, algo que investidores detestam. Musk, embora tenha muitos defeitos, não é conhecido por desperdiçar dinheiro. A situação no Brasil afeta investimentos não só aqui, mas também em outros países, causando uma retração nos investimentos e afastando novos interessados, conforme um dos advogados, que preferiu não se identificar.

As multas de R$ 18 milhões e mais R$ 5 milhões por desobedecer o bloqueio judicial ao X são pesadas em qualquer lugar do mundo, tanto pelo valor quanto pelo impacto na imagem do grupo. Com a suspensão da rede, houve uma migração significativa de usuários para outras plataformas como Threads e Bluesky, fortalecendo a concorrência. Outro advogado, também sob anonimato, destacou que isso reforça competidores capazes de tomar boa parte do mercado.

Em 30 de agosto, Musk anunciou que o sinal de internet seria liberado para burlar a restrição judicial e acessar o X, o que assustou os fundos de investimento, preocupados com multas cada vez mais pesadas. A situação ficou crítica com a homologação pela Anatel, em 11 de setembro, para o funcionamento da E-Space, principal concorrente da Starlink. A E-Space, com sede em Toulouse e Arlington, Texas, tem potencial para usar mais de 8 mil satélites de baixa órbita. Um dos advogados destacou a competição acirrada. Além dos problemas econômicos, há os efeitos políticos. Países de todos os continentes estão restringindo o acesso ao X. A Austrália, por exemplo, propôs uma lei que exige códigos de conduta das plataformas para impedir a disseminação de fake news, sujeitando-as às determinações de um órgão regulador, o que levou Musk a chamar o governo australiano de "fascista." A crescente dificuldade para o X operar impacta negativamente os outros negócios de Musk, já que investidores preferem estabilidade, conforme outro advogado comentou. O X tem cinco dias para comprovar sua legalidade no Brasil após comunicar o nome de sua representante legal, a advogada Rachel Villa Nova Conceição. Os documentos para regularizar a situação estão vindo da Irlanda. Sem representação legal no Brasil, a plataforma foi suspensa por ordem da Corte, e a expectativa é que o acesso ao X seja restabelecido na próxima semana, se todas as condições determinadas por Moraes forem cumpridas. A plataforma foi multada em R$ 18 milhões por descumprir decisões judiciais e se recusou a pagar os débitos, levando ao bloqueio de suas contas no Brasil e à Starlink. Os bancos cumpriram a ordem do ministro, bloqueando os recursos e transferindo os valores aos cofres da União. O acesso ao X foi suspenso e Moraes impôs uma multa de R$ 50 mil por dia para quem acessasse a plataforma por VPN ou outros meios para burlar a decisão judicial. Na semana passada, a plataforma permitiu o acesso de internautas brasileiros por meio de uma manobra com endereços IP, resultando em mais uma multa de R$ 5 milhões aplicada por Moraes.