"Presidente da Ucrânia enfrenta Lula e questiona o 'Interesse' do petista

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, questionou nesta quarta-feira o "verdadeiro interesse" de Brasil e China em acabar com a guerra entre seu país e a Rússia. Zelenskiy afirmou à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que os países "não vão impulsionar seu poder às custas da Ucrânia". A declaração vem em meio a um contexto tenso e complexo, onde diversos atores internacionais tentam propor soluções para o conflito. A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nove meses após o início das hostilidades, Zelenskiy anunciou um plano de paz de 10 pontos, fundamentado na Carta da ONU e no direito internacional, visando pôr um fim ao conflito. No entanto, Moscou rejeitou categoricamente o plano, prolongando assim o sofrimento e a incerteza na região. A rejeição do plano de paz por parte da Rússia complicou ainda mais os esforços diplomáticos para solucionar a crise.

Zelenskiy foi enfático em suas críticas, afirmando que a "fórmula de paz já existe há dois anos". Ele sugeriu que alguns líderes podem estar mais interessados em ganhar prêmios para suas biografias políticas do que em alcançar uma paz real. "Talvez alguém queira um Prêmio Nobel para sua biografia política, para uma trégua congelada, em vez de paz real, mas os únicos prêmios que Putin lhe dará em troca são mais sofrimento e desastres", disse ele. A declaração foi direta e visou destacar a seriedade da situação.

Além disso, o presidente ucraniano criticou iniciativas que, segundo ele, não têm convicção e acabam por favorecer a continuidade do conflito. "Quando alguns propõem alternativas, planos de acordo sem convicção, os chamados conjuntos de princípios, isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos... não apenas ignora a realidade, mas também dá a Putin o espaço político para continuar a guerra", afirmou. Este ponto de vista reflete a frustração de Zelenskiy com propostas que ele vê como insuficientes.

Ao mesmo tempo, Lula, o presidente do Brasil, tem tentado persuadir outros países em desenvolvimento a apoiar um plano de paz de seis pontos que Brasil e China apresentaram em maio. A proposta sugere uma conferência internacional de paz "realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz". O esforço de Lula é visto com ceticismo por Zelenskiy, que questiona os interesses por trás da iniciativa. Lula defendeu o plano ao discursar na Assembleia Geral da ONU na terça-feira, mas foi questionado sobre a fala de Zelenskiy. Em resposta, Lula afirmou que o líder ucraniano disse apenas o óbvio dentro de sua obrigação como presidente, mas ressaltou que Zelenskiy ainda não está conseguindo alcançar a paz. "Eles não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil, porque não tem proposta, tem uma tese de que é importante começar a conversar", disse Lula. Ele acrescentou: "Ele (Zelenskiy), se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não é militar." Por fim, o presidente ucraniano pretende apresentar um "plano de vitória" ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma visita à Casa Branca. A intenção é buscar apoio mais robusto e direto dos Estados Unidos para pôr fim ao conflito com a Rússia. A visita de Zelenskiy à Casa Branca é um esforço adicional para encontrar uma solução definitiva para a guerra, destacando a importância da diplomacia e do apoio internacional na busca pela paz.