O bilionário americano Elon Musk, dono da rede social X e que anunciou o fechamento de escritório da plataforma no Brasil no último fim de semana, tem se notabilizado pelos embates com a Justiça brasileira, mas seu posicionamento firme se estende também em outros países pelo mundo.
Na manhã do último sábado (17), a conta oficial do X publicou que encerraria suas operações no Brasil após Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ter “ameaçado nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”. Musk compartilhou a nota, antes de comparar o ministro ao vilão Voldemort, da série Harry Potter. Não foi a primeira vez que o empresário ironizou o desafeto brasileiro.
Nos últimos anos, Musk tem se juntado a militantes da direita contra adversários em diversos países, em especial no país onde reside, os Estados Unidos. Na semana passada, o empresário fez uma entrevista pública, no espaço para conversas em áudio no X, de mais de duas horas com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O encontro marcou o retorno de Trump à plataforma, da qual havia sido banido após a invasão do Capitólio.
Ao longo da conversa, marcada por elogios recíprocos, Trump falou a Musk suas opiniões sobre assuntos sensíveis em campanha, incluindo críticas a Joe Biden por permitir a guerra em Gaza e na Ucrânia, reiterando que os Estados Unidos eram melhores quando ele era presidente. Trump também criticou sua rival, Kamala Harris, e Biden pelas políticas de imigração que ele caracterizou como frouxas.
Nesta semana, o eurodeputado Sandro Gozi, secretário do Partido Democrático Europeu, chamou a atenção ao afirmar que, “se Musk não cumprir as nossas leis, a União vai fechar o X na Europa”. Também escreveu que a “violência online sempre leva à violência offline”, que a “extrema direita esconde sua violência por trás da liberdade de expressão” e que as plataformas digitais devem moderar conteúdo de ódio.
Dias antes, Musk tinha criticado o membro da Comissão Europeia Thierry Breton que cobrou respeito do X à legislação europeia e, num outro contexto, foi criticado pelo governo britânico após afirmar que uma guerra civil seria “inevitável” no Reino Unido.
O primeiro-ministro Keir Starmer convocou uma reunião urgente após a ilegalidade que ele atribuiu ao que chamou de “bandidagem da extrema direita”, impulsionada em parte pela desinformação nas redes sociais, que despertou a raiva por causa de um ataque a faca em uma aula de dança que matou três meninas e feriu 10 pessoas. Falsos rumores espalhados online de que o suspeito era um muçulmano em busca de asilo levaram a ataques contra imigrantes e mesquitas.
Em abril, Musk denunciou censura na Austrália depois que um juiz australiano determinou que sua plataforma deveria bloquear o acesso dos usuários de todo o mundo ao vídeo de um bispo sendo esfaqueado em uma igreja de Sydney. O primeiro-ministro Anthony Albanese chegou a chamar Musk, após a resistência em cumprir a determinação judicial, de um “bilionário arrogante” que se considerava acima da lei e estava fora de contato com o público.
No Brasil, Musk tem Alexandre de Moraes como seu principal desafeto. No começo do ano, o bilionário mostrou ao mundo a realidade brasileira através da divulgação do caso conhecido como “Twitter files” (arquivos do Twitter, em inglês) para expor arbitrariedades do ministro. Tratava-se de uma troca de e-mails entre funcionários da plataforma relatando pressão de autoridades brasileiras por dados sigilosos dos usuários da rede.
Na ocasião, o americano afirmou que Moraes deveria “renunciar ou sofrer um impeachment”, e que o ministro “traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”. Suas publicações foram amplamente compartilhadas por apoiadores de Bolsonaro.
*Com informações AE
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