Irã faz sérias ameaças a Javier Milei e à Argentina

Às vésperas do 30º aniversário do maior atentado terrorista da Argentina contra o prédio da Associação Mutual Israelita-Argentina (AMIA), o jornal iraniano Teerã Times publicou um editorial ameaçando o governo argentino. O texto criticou duramente as políticas pró-Israel do presidente Javier Milei e afirmou que o Irã imporá seu próprio jogo ao inimigo no momento certo. A ameaça veio em um momento delicado, considerando a recente aproximação entre a Argentina e Israel, simbolizada pela visita de Milei a Israel e sua intenção de transferir a embaixada argentina para Jerusalém. O editorial representa mais um capítulo nas tensões entre o Irã e a Argentina. A simpatia de Milei por Israel, incluindo a declaração do Hamas como organização terrorista, tem incomodado Teerã. O governo iraniano vê essas ações como um alinhamento contra seus interesses, especialmente à luz das relações econômicas e políticas que tem cultivado com outros países da América Latina. A resposta agressiva do Teerã Times reflete o descontentamento crescente e a intenção de pressionar o governo argentino a reconsiderar suas políticas.

A decisão de Milei de estreitar os laços com Israel ocorre em um contexto de busca por justiça para as vítimas dos atentados de 1992 e 1994, atribuídos ao Hezbollah e ao Irã. Em abril, a Câmara de Cassação Criminal da Argentina reforçou a acusação de que os ataques foram crimes contra a humanidade orquestrados pelo Irã. Além disso, o governo de Milei está preparando um projeto de lei para julgar à revelia cidadãos iranianos acusados dos ataques, aumentando ainda mais as tensões diplomáticas.

A retórica do Teerã Times, chamando Milei de "fantoche" de Israel, aponta para uma tentativa de deslegitimar o presidente argentino aos olhos do público internacional e doméstico. O jornal alega que a política de Milei está colocando em risco os interesses nacionais da Argentina, enquanto outros países da região fortalecem suas relações com o Irã. Essa narrativa busca minar a posição de Milei, apresentando-o como submisso a uma agenda estrangeira em detrimento dos interesses argentinos.

O atentado à AMIA, que matou 85 pessoas e feriu mais de 300, continua sendo uma ferida aberta na história argentina. As investigações apontam o Hezbollah como responsável, mas o Irã sempre negou qualquer envolvimento. O editorial do Teerã Times tenta reescrever a narrativa, sugerindo hipóteses alternativas e criticando as alegações do governo argentino como infundadas. Essa postura revisionista dificulta ainda mais a busca por justiça e a reconciliação entre as partes envolvidas. A ameaça explícita do Irã contra o governo argentino não deve ser tomada de ânimo leve. Ela sinaliza uma escalada nas tensões diplomáticas e pode ter implicações significativas para a segurança e a política externa da Argentina. A resposta de Milei e sua administração será crucial para determinar o futuro das relações entre os dois países e a continuidade da busca por justiça para as vítimas dos atentados terroristas.